Excêntrico contido

segunda-feira, janeiro 17

Columbo - A nova onda

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Estou tentando colocar o seriado Columbo como a nova onda Hype/Cult/Retro da meninada antenada e desplugada do Rio (hahaha). É bem verdade que não é difícil de gostar de Columbo. Basta mostrar um episódio aqui e outro ali que a garotada fica enlouquecida. É uma pena que existam tão poucos episódios em inglês do e-mule. É bem mais fácil encontrar episódios em fracês na internet. Os francêses são fãs de Columbo. Apesar de toda a repúdia que eles têm em relação a cultura americana, eles tiveram que se curvar diante do detetive desgrenhado estrábico que soluciona (ou solucionava) seus casos das maneiras menos ortodoxas possíveis. Os francêses são fedorentos mas não são burros. Columbo é de fato fantástico. Meu plano para 2005 é sair pelas ruas do Rio de Janeiro exibindo episódios do Columbo para quem quiser ver. Segundo meus calculos, só preciso mostrar alguns episódios para mais 8 pessoas. Columbo é tão apaixonante que as 10 pessoas que forem apresentadas à série por mim passarão a outras, por livre espontânea vontade, o entusiasmo pela série. Isso é apenas o começo da nova onda. Minha previsão é que em 2008 Columbo será lider de audiência em lares em Bagdá e Faluja. Reprises da série serão exibidos em horário nobre em todos países escandinavos. Chineses exportarão bilhões de chaveiros do detetive. Japoneses transmitirão o programa diretamente para celulares. Enfim, a onda que começou comigo vai varrer o mundo. Tsunami que nada, fiquem de olho em Columbo.

domingo, janeiro 16

Senador Magno Malta no Gugu

Fui surpreendido hoje quando meu pai me disse que o Senador Magno Malta estava cantando no Gugu. Para quem não lembra que é o Senador Magno Malta é senador pelo Espírito Santo e tentou de todas a maneiras permitir que a compra da fábrica de chocolates Garoto pela Nestlé. A única coisa que não me surpreendeu foi o fato do Zezé di Camargo estar cantando com ele. Depois da música, Zezé fez um longo discurso sobre a competência e honestidade do Senador. Se a minha opinião sobre os sertanejos era ruim, depois desse fato ela melhorou. Quero também entrar para a panela.

sábado, janeiro 15

KFC no Rio

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- Mais um fast-food americano... graças a Deus!!!
- Mas esse não conta. Ele vende arroz e feijão.
- Sim, mas o forte deles é mesmo a galinha.
- O frango é brasileiro, se bobear é caipira.
- Mas o segredo está no tempero, a "Receita Secreta do Coronel". Gostinho caipira, de caipira americano, de Kentucky. Olha só essa coxinha, uhm... E esse peito, delícia! Morde só a casquinha, ai ai ai... Viva a América!!! Que venha o Burger King!
- Mas você sabe que Coca-Cola é veneno com açucar, né?





sábado, janeiro 8

Gostei de ser vip - Diogo Mainardi

Para começar o ano bem, nada como colocar uma coluna do nosso amigo Diogo Mainardi. Estou em período de reflexão, assim que tiver algo de bom escrevo mais.

Abraço a todos.

"Ainda bem que eu tinha uma pulseirinha vip. Dava acesso à área vip. É singular que um espetáculo numa favela possa dispor de uma área vip. Principalmente se a estrela do espetáculo é Gilberto Gil, o ministro da Cultura de um governo eleito com a promessa de diminuir as disparidades sociais. O espetáculo foi na garagem de ônibus da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Nós, vips, fomos acomodados no pátio do Ciep, 20 metros acima da garagem, convenientemente separados dos favelados por um intransponível muro de cimento. Estávamos na favela, mas longe dos favelados, que pareciam ter sido postos ali apenas para dar uma cor local. A pulseirinha vip garantia outros privilégios. Como naquela noite caía um violento temporal, nós, vips, fomos alojados em tendas, enquanto os favelados se ensopavam na platéia ao ar livre. Para eles, o ingresso custava 5 reais. Para nós, era de graça. Em todas as circunstâncias da vida, eu gostaria de ter uma pulseirinha vip, que me assegurasse abrigo contra intempéries, distância do resto da humanidade e alguém para pagar minhas contas.

O espetáculo de Gil era beneficente. Tinha o propósito de arrecadar fundos para a Casa da Cultura da Rocinha. Considerando que só os favelados eram obrigados a pagar ingresso, Gil inaugurou um novo modelo de redistribuição de renda, em que todas as despesas recaem sobre os pobres, em benefício dos ricos. Não deu muito certo, porém. Favelados podem ser pobres, mas não são tontos. A idéia de assistir a um espetáculo de Gil, debaixo de chuva, e, ainda por cima, pagar por isso, pareceu-lhes demais. O público era tão pequeno que os organizadores do evento desistiram de cobrar ingresso, abrindo os portões para quem quisesse entrar. Mesmo assim, a platéia ficou deserta. Gil não gostou. Por punição, começou a cantar com duas horas e meia de atraso, deixando os favelados na chuva. Por melhores que fossem as intenções do novo ministro, não consigo entender a lógica de um espetáculo beneficente que arrecada infinitamente menos do que seu próprio custo. Não teria sido melhor reverter o dinheiro público diretamente para a Casa da Cultura da Rocinha, em vez de gastá-lo na montagem do espetáculo? Confirma o que eu disse recentemente: o melhor serviço que Gil pode prestar à cultura brasileira é parar de cantar. Aliás, nem sei se vale a pena financiar uma Casa da Cultura na Rocinha, com suas imagens de Iemanjás e Exus. O Brasil deveria desistir dessa bobagem de querer ter uma cultura. Ninguém ia notar a falta.

Gil cantou covers de Bob Marley. Cover, para mim, é coisa de baile de debutante. Pobre Gil. Já deu o que tinha de dar. Bob Marley, como se sabe, era um apologista da maconha. Não tenho nada contra maconheiros. Também não teria nada contra um ministro que admitisse fumar maconha. Eu legalizaria todas as drogas, inclusive as pesadas. O único aspecto meio inquietante é um ministro exaltar um maconheiro na Rocinha, o maior ponto-de-venda de drogas do Rio de Janeiro, dominado por traficantes do Comando Vermelho."

Diogo Mainardi

Pensar e refletir

"Não que meus artigos contenham teorias subversivas: trata-se somente de tentativas inócuas de observar as coisas de um ângulo um pouco menos batido, um pouco menos óbvio."

Diogo Mainardi