Confie em mim - Diogo mainardi
"Janene: 'Foi o próprio José Dirceu quem encaminhou o PP a Delúbio Soares. Pode colocar a informação numa matéria, mas sem me citar"
Telefonei para o senador Eduardo Suplicy. Ele foi um dos primeiros a pedir o impeachment de Collor.
Eu: Não chegou a hora de pedir o impeachment de Lula?
Suplicy: Acredito que não.
Eu: A gente já sabe que o governo Lula, por meio de José Dirceu, deu dinheiro porco a parlamentares, em troca de apoio político. Não é um atentado contra o Poder Legislativo? Não é matéria para um impeachment?
Suplicy: José Dirceu, na Comissão de Ética, afirmou reiteradas vezes não ter sido o responsável
pelo pagamento a parlamentares.
Eu: O senhor acredita nele? Alguém acredita nele?
Suplicy: Dou-lhe o benefício da dúvida.
Telefonei para o deputado José Janene. Ele é um dos líderes do PP. Seu chefe-de-gabinete, João Cláudio Carvalho Genu, recebeu um dinheirão de Marcos Valério. Quando aderiu ao governo Lula, o PP tinha 43 deputados. Agora tem 55. Em 1º de junho de 2003, o presidente do PP, Pedro Corrêa, explicou à Folha de S.Paulo que a cooptação de parlamentares era negociada diretamente com José Dirceu: "Ele recebe a mim e ao deputado que está vindo ao partido. Também ajudam o Pedro Henry e o José Janene".
Eu: O senhor nega que o PP tenha recebido propina do governo Lula. Diz que o dinheiro de Marcos Valério foi empregado apenas para pagar dívidas de campanha eleitoral. O pagamento de dívidas de campanha eleitoral fazia parte das negociações entre o PP, os deputados cooptados pelo partido e o ministro José Dirceu em meados de 2003?
Janene: Eu só posso falar sobre o assunto em "off".
Eu: Confie em mim.
Janene: Em primeiro lugar, meu chefe-de-gabinete, Genu, não recebeu tudo isso que estão dizendo. Foram 600.000 reais.
Eu: O pagamento desses 600.000 reais foi negociado com José Dirceu?
Janene: Serei extremamente didático: sim. Foi negociado entre o presidente do partido, Pedro Corrêa, o líder do partido, Pedro Henry, e o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Na época, eu só tratava com Marcelo Sereno.
Eu: Foi o próprio José Dirceu quem encaminhou o PP a Delúbio Soares?
Janene: Claro. Foi ele.
Eu: Espero que o PP esclareça esses fatos em breve.
Janene: É o que pretendemos fazer.
Eu: Tem certeza de que não posso publicar nada disso?
Janene: Por enquanto, não. Pode colocar a informação numa matéria, mas sem me citar.
Eu: Confie em mim.
Telefonei para o senador Almeida Lima. Ninguém dá bola para ele. É um erro. Os parlamentares relutam em pedir o impeachment de Lula porque sabem que a população está com nojo deles. Se o Congresso Nacional quer recuperar um mínimo de legitimidade, deve aprovar imediatamente as propostas de emenda constitucional de Almeida Lima. Elas tiram um monte de ladrões da vida pública, reduzindo o número de senadores por estado de três para dois e o número de deputados federais de 513 para 396. Almeida Lima propõe também o corte de 25% das vagas para deputado estadual e vereador, além da abolição dos cargos de vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito.
Eu: Em que pé estão suas propostas para a reforma do Estado?
Almeida Lima: Não foram nem apreciadas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Eu: O senhor pode salvar o Congresso Nacional. Seus colegas parlamentares deveriam carregá-lo nos ombros, com uma coroa de louros.
Almeida Lima: Obrigado.
Eu: Confie em mim.
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Diogo Mainardi - Confie em Mim - Veja - 10/08
1 Comments:
Confie em mim.. hahahhahaha
By Anônimo, at 12:50 AM
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