Excêntrico contido

sexta-feira, junho 10

Narciso ao extremo

Admiro-me cada vez mais comigo mesmo. Às vezes me surpreendo com as minhas próprias reações. As pessoas que me conhecem sabem que prego o uso da Verdade como a maneira mais conveniente de comunicação entre duas pessoas. Conveniente pelo fato de que criar uma Verdade alternativa, isto é uma mentira, dá trabalho de mais. Você tem sempre que lembrar do que foi dito, o que foi feito e sempre há a possibilidade de se passar vergonha. É bem verdade que ocasionalmente omito determinados fatos, e volta e meia jogo com white lies para apimentar determinados diálogos. Mas esses casos são raros e de fato não importam no que quero escrever. Fico admirado como determinadas vezes meus pensamentos saem da minha boca como se baratas saíssem de um ralo. O mais engraçado é que são pensamentos genuinamente verdadeiros, que não passaram por nenhum tipo de filtro ou censura na minha cabeça. Eles simplesmente escapolem. Lembro-me no ano de 1998, quando estudava em um cursinho pré-vetibular. Não conhecia ninguém. Estava no meu canto. Uma menina chegou do meu lado e começou a fazer um discurso de como ela não conseguia ser fiel ao seu namorado e como não conseguia ficar só com uma pessoa. Ela falava esse tipo de coisa com uma satisfação de quem está tirando onda, contando vantagem, como se fosse a pessoa mais esperta do mundo. Moralista que sou, disparei: "Pois então, você é uma vagabunda!". Lembro-me da minha extrema franqueza que chocou a menina. Ela nunca mais veio falar comigo. Desse fato não tenho orgulho desse incidente. Essa foi a minha fase mais "punk" e inconseqüente. Já estou em uma fase mais palatável da vida. Contei este caso apenas para ilustrar como às vezes não consigo manter a minha boca fechada. Mas ontem aconteceu um caso relativamente parecido. Contarei em outra oportunidade o que de fato aconteceu, mas consegui, pelo menos dessa vez, não ser grosso (isso para mim é uma conquista). Tinha algo me incomodando e fui bem direto em relação a isso. Lembrando agora desse incidente sinto um incrível orgulho de mim mesmo. Essa maneira franca de comunicação foi direto no ponto. Tenho agora que começar a rever certos conceitos sobre mim mesmo. Sempre tive o orgulho de não perder uma boa oportunidade de ficar calado. Não sei se estou perdendo essa característica ou se estou adquirindo outra, a de não perder uma boa oportunidade de ser extremamente sincero.
Hahahaha